NOVO CORONAVÍRUS


As bibliotecas públicas do
Sistema Municipal, incluindo o Ônibus da Cultura, permanecerão fechados por
tempo indeterminado.
A
Prefeitura de São Paulo adotou novas medidas para evitar a proliferação do
coronavírus (Covid-19) na cidade. Entres elas, estão o
cancelamento de eventos do poder público, alvarás e autorizações emitidas para
eventos privados que gerem qualquer tipo de aglomeração, além do fechamento de
todos os equipamentos culturais municipais como Casas de Cultura, Teatros,
Centros Culturais, Bibliotecas e as Salas de Cinema do Circuito SP Cine por
tempo indeterminado.
Outras
informações sobre as medidas anunciadas, acesse http://www.capital.sp.gov.br/noticia/prefeitura-de-sao-paulo-anuncia-novas-medidas-para-evitar-a-proliferacao-do-covid-19-e-garantir-atendimento-medico



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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Espaço "Você é o Autor": um texto bem fundamentado de Adriano Messias.

Os nossos posts mais recentes registraram as Oficinas Literárias levadas aos roteiros pelo Ônibus-Biblioteca, através de convênio feito com a Liga Brasileira de Editoras - LIBRE. Ilustramos tais postagens com fotos desses eventos, para mostrarmos o trabalho de escritores de livros infantis, juvenis, além de cordelistas, ilustradores, artistas plásticos, entre outros profissionais, que levam um pouquinho de sua arte às comunidades mais afastadas.

E um desses escritores faz reflexões sobre a importância da mediação de leitura, quando a criança é o alvo. Muito bem fundamentado, Adriano Messias destaca o papel de educadores na construção do conhecimento, levando-se em conta as experiências já adquiridas, bem como o nível de entendimento de cada criança, principalmente quando se está aquém do esperado para determinadas faixas etárias. Reproduzimos o texto na íntegra, com a devida autorização do autor:

UMA FUNDAMENTAÇÃO PESSOAL PARA AS OFICINAS DO PROJETO ÔNIBUS-BIBLIOTECA

SUJEITO INTERATIVO: NEM PASSIVO, NEM ATIVO

Adriano Messias

Dentre os pensadores da Educação que mais aprecio está o sócio-interacionista Lev Vygotsky, que ainda merece ser muito estudado. Ele enfatizou a importância do meio social e da base cultural na estruturação da personalidade do educando. Sempre acreditei nisso e já escrevi sobre a intersubjetividade na formação do caráter e na estruturação das relações comunicativas entre as pessoas. Entendo que, no espaço que se constrói entre “um” e “outro” – espaço este sempre em transformação, híbrido e deslizante – serão solidificados os mais importantes valores e as experiências mais notórias da vida.

Vygotsky foi um educador que considerou a interação social e a dimensão histórica no desenvolvimento mental do indivíduo. Isso, em nossos dias, não deveria apresentar nenhuma novidade, pois há décadas vários estudiosos se empenham na abordagem social e histórica para a compreensão do ser humano e de suas interações. Mas o trabalho teórico nem sempre se casa com o exercício ou com a aplicação do pensamento na realidade.

Pensemos um pouco mais sobre as elaborações de Vygotsky: para ele, a construção do conhecimento é sempre mediada por diversos sujeitos, que agem sobre o que chamamos realidade, para, assim, nela interferirem. Esta experiência social no campo cognitivo originou o que ele chama de “zona de desenvolvimento proximal” – que se relaciona à distância entre o nível de desenvolvimento atual de uma criança para solucionar problemas sem ajuda de alguém com mais experiência, e o nível potencial de desenvolvimento – que é a capacidade de a criança resolver problemas com ajuda de pessoas mais experientes.

Aqui entra minha compreensão de oficinas em projetos como o do Ônibus-Biblioteca. Escrevi os parágrafos anteriores para que me faça ser mais bem entendido, pois o educador adulto é alguém que tem de colaborar para que a criança ou o adolescente crie novas atitudes em relação à realidade. Isso se faz por meio, por exemplo, do faz-de-conta, da brincadeira, do desenvolvimento de atitudes voluntárias, de motivações e até mesmo a construção de projetos de vida. Todo indivíduo – e aqui entendamos a criança, em especial – já traz consigo uma bagagem de conhecimento e experiências adquiridas, a qual pode ser entendida como a “zona de desenvolvimento real”.

Estas experiências podem estar além ou aquém do que se estabelece como ideal para uma certa faixa etária em um certo universo sóciocultural. Por exemplo: um garoto de 10 anos que está no quarto ano do ensino fundamental, mas ainda não domina a técnica da leitura, está aquém do que se espera para um estudante brasileiro da mesma idade. Uma menina de dois anos que ainda não verbaliza nenhuma palavra parece estar aquém do desenvolvimento esperado em sua faixa etária.

Aqui surge o conceito da “zona de desenvolvimento proximal”: aquela em que há a necessidade de alguém mais experiente para ajudar, orientar, esclarecer o educando. E como esse alguém mais experiente pode contribuir? No brincar – pois é aí que a criança usará seu universo simbólico para construir seu mundo e seus valores.

Esse brincar está presente em numerosas atividades: na leitura de um livro, no contato com um texto, na exposição a diversas obras literárias, musicais, plásticas... Brincando, ela aprende, ela reconstrói, ela negocia, ela refaz. Por isso me angustio quando percebo alguém oferecendo a uma criança um livro, uma história, um jogo, um brinquedo sem que o mesmo esteja relacionado a uma visão mais interativa entre os sujeitos.

Vygotsky entendia o brincar se transformando em desejo e prazer. Esta é a base para se fazer escolhas conscientes na vida dentro de uma postura ética, lidando com situações que depois irão se relacionar ao pensamento abstrato. Por isso defendo que, mais do que simplesmente brincar para se divertir – e oferecer uma brincadeira por diversão -, temos de entender que uma atividade serve para a construção da personalidade da criança e de sua inserção social e cultural em um mundo multifacetado, com diversas seduções, com caminhos tão antagônicos e díspares. Se não for assim, qualquer atividade com intenção educativa será inválida, será inútil, seja ela uma oficina, uma aula, uma visita a uma exposição.



Adriano Messias - Escritor, tradutor e adaptador. Fez graduação em letras, jornalismo e concluiu mestrado em comunicação. Dentre seus livros voltados para crianças e jovens, estão: A Vaca Fotógrafa (Positivo), Que bicho está no verso? (Positivo), Telefante sem fio (Positivo); Histórias mal-assombradas em volta do fogão de lenha; Histórias mal-assombradas do tempo da escravidão, Histórias mal-assombradas de um espírito da floresta, Histórias mal-assombradas do Caminho Velho de São Paulo (Biruta), O Elefante Infante (da obra de Rudyard Kipling) (Musa), Antes de Colombo chegar/ Antes de la llegada de Colón (Alis), Minha tia faz doce no tacho (Cuca Fresca), 20 Histórias de Bichos do Brasil (Cuca Fresca), O mestre cuca fresca: receitas divertidas para gente feliz (Cuca Fresca). Contatos com o autor podem ser feitos pelo email: adrianoescritor@yahoo.com.br

Fonte:

http://adrianomessiasescritor.blogspot.com/

Acesso feito em 02/02/10

Até a próxima parada!!!


Ônibus-Biblioteca: onde se lê por prazer!

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